Há muito tempo que a barreira de diversas atividades humanas foi quebrada, e hoje, são várias as ciências que se misturam com inúmeras formas de arte para criarem algo novo. É o caso do trabalho realizado por Philip Beesley. Normalmente, ele é chamado de artista, mas, também podemos classificá-lo como um cientista (na verdade, ele é professor de arquitetura da Universidade de Waterloo, no Canadá). E, é dessa mistura que Beesley cria obras belíssimas, expostas ao público, onde vemos também muita interatividade. O seu único projeto, intitulado Astrocyte, é uma peça construída com cerca de 300 mil componentes diferentes, que incluem elementos de iluminação impressos em 3D e massas de vidro customizado que contêm uma combinação de óleo, produtos químicos inorgânicos e outras soluções para formar uma espécie de pele química. O que mais chama a atenção é que esses componentes reagem conforme os movimentos dos espectadores. E, qual o propósito de Beesley com isso? Mostrar, simplesmente, que design e inteligência artificial podem ficar completamente unidos num futuro bem próximo.
Com esse projeto, Beesley quer mostra uma arquitetura “viva”, dinâmica, “comunicativa”. Isso abriria a possibilidade da existência de
estruturas auto-reparadoras ou de ambientes altamente receptivos com a ajuda da inteligência artificial, que, literalmente, estaria em todos os níveis de um design. Apesar das ideias práticas a nível científico que permeiam as suas obras, é inegável que a arte de Beesley também possui um deslumbre estético fascinante, como se estivéssemos em um filme de ficção científica, por exemplo.
Engana-se, porém, quem pensa que Beesley só se mete no ramo da arquitetura. Em 2015, por exemplo, ele se juntou a Iris van Herpen, famosa designer de moda, em sua coleção de Outono/Inverno 2015-2016, ocorrida na cidade de Paris. Numa colaboração em conjunto, os dois criaram vestidos digitalmente fabricados que parecem mais com fractais geométricos. O resultado se mostrou, no mínimo, bastante interessante.
Segue um pequeno trecho de uma entrevista dada por Beesley ao MVT Journal. Confiram:
Onde fica, hoje em dia, o campo da arquitetura interativa?
A disciplina da arquitetura interativa tornou-se familiar. Podemos falar com entusiasmo sobre “edifícios inteligentes” e sobre a procura de um tipo de arquitetura sensível que possa ser operado com controle meticuloso profundamente bordado. Parece-me que é uma maneira muito poderosa de trabalhar. Ao mesmo tempo, essa sensação de que o mundo pode ser mecanicamente preparado para antecipar nosso comportamento é profundamente carregada, tema de intenso debate sobre o século passado. Kafka desenhou uma imagem aguda de uma máquina que destruiu sua vítima há um século. Durante a guerra fria, Orwell escreveu as críticas mais sombrias de redes técnicas abrangentes. Talvez o presente entusiasmo seja temporário.
Sobre o espectro desse entusiasmo, onde você localizaria seu trabalho?
Para tornar as coisas férteis, precisamos alcançar uma grande sensibilidade em um projeto coletivo vasto e indiscutivelmente eterno: esta é uma aspiração humana fundamental. Parece possível, agora mais do que nunca, criar funções de auto-renovação muito eficazes. No entanto, o trabalho que tenho feito com os meus colegas está enredado entre o otimismo e a ambivalência. Trabalhar com sistemas distribuídos complexos requer um enorme foco na arte. E, esse foco é inerentemente positivo. É difícil construir as coisas que construímos. Temos que nos concentrar. Temos que querer ser capazes de construir. Temos que estabelecer objetivos e, às vezes, estamos inclinados a fazê-los funcionar. Mas, ao mesmo tempo, existem qualidades profundamente emotivas, incorporadas no trabalho. Essa tensão é expressa de maneira fundamental.
E, você? Quer conhecer mais do trabalho de Philip Beesley? Basta, então acessar o seu site.
Nele, além de imagens da obra dele, você também poderá conferir entrevista com o artista. Vale muito a pena.
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